FECHA-TE...

Fecha-te no jardim do teu tempo florido
na discrição alegre das flores que escrevem
sonhos no Olimpo das tuas memórias
Sente o aroma quente e amarelo do sol
que pinta a primavera de segredos,
de serras e maresias
na tarde que se escoa
no ermo de noites vazias
E busca as grinaldas tecidas de mirtilos
nos córregos íngremes,
no coração calado das encostas
povoadas de doces colmeias,
cheias,
submersas
no mar amarelo do tojo
e da giesta
em festa
Sente e perde o teu corpo entre o azul
e o verde pacífico, escuro
das colinas, num terno e longo êxtase
que vagueia no incerto,
oscilando entre a suspensão do pretérito
e a ausência do futuro
Sobe ao império da tua mente fugidia
e na brancura radiosa e ofuscante da tua alma
oferece o teu ceptro de glórias
à majestade florida da paisagem
que adormece cada dia.
Mas as fontes continuarão a cantar
hinos de alegria
entre as rosas silvestres
e as silvas agrestes
numa suave sinfonia!
E a brisa atravessará poeiras
no silêncio verde dos salgueirais
indiferentes às vozes irrequietas
do chilreio dos pardais!
E entardece.
E no ouro da tarde,
luzindo de cansaço,
embala-se o sol embevecido,
envolvendo a terra num derradeiro abraço!
No abandono da luz,
no silêncio da memória,
voam as asas gigantes da noite,
sombra imensa, abstrata,
incorpórea.
Dorme noite,
escuridão onde me fito!
Escuta o silêncio
imenso
desta voz
deste sossego
em que me fico!

Manuela Barroso
(Um texto muito lindo http://wwwanjoazul.blogspot.com/)

AGRADEÇO A SUA COMPANHIA!!!SANDRA

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